Pesquisa aponta nível de infestação do Aedes aegypti nos municípios mineiros
Dos 821 municípios participantes, 380 estão em situação de alerta e 82 em situação de risco
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) divulgou, nesta quarta-feira (13/12), os resultados do quarto Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LirAa/LIA) de 2023.
A pesquisa, realizada junto aos municípios mineiros entre 23/10 e 10/11, é parte da estratégia de monitoramento e controle do mosquito transmissor dos vírus causadores da dengue, chikungunya e zika.
De acordo com os dados enviados à SES-MG por 821 municípios, 359 deles apresentaram o Índice de Infestação Predial pelo Aedes (IIP) igual ou menor que 0,9 e, por isso, receberam a classificação satisfatória, indicando que eles estão em situação de baixo risco de transmissão de arboviroses. Contudo, há 380 municípios em situação de alerta e 82 em situação de risco (IIP maior que 4,0).
O IIP indica o percentual de imóveis que apresentaram recipientes com água infestados por larvas de Aedes, em relação ao total de imóveis que foram vistoriados pelos agentes de combate a endemias (ACE) no município.
A partir dos resultados do LIRAa/LIA, os municípios podem otimizar e direcionar as ações de controle do vetor, delimitar as áreas de maior risco, avaliar as metodologias aplicadas no controle do Aedes aegypti e contribuir para as atividades de comunicação e mobilização, por meio da ampla divulgação dos resultados dos índices.
“É muito importante que, a partir do resultado do LirAa, haja discussão sobre a execução das ações na ponta, para que o agente de combate a endemias atue conforme a realidade local e oriente a conduta da população”, detalha, Roseli Gomes de Andrade, colaboradora da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses da SES-MG.
Embora a Vigilância Estadual não considere apenas o levantamento da infestação por Aedes para avaliar a situação epidemiológica quanto à dengue, à chikungunya e à zika, os dados apresentados pelo LIRAa/LIA podem ser considerados como um indicativo de alerta para os locais com possibilidade mais acentuada de registrar um maior número de casos dessas arboviroses.
Recipientes
O LIRAa possibilita identificar, também, os tipos de recipientes onde o mosquito está procriando, gerando informações que sinalizam as áreas em que os agentes de combate a endemias, com a ajuda da população, devem executar ações específicas e direcionadas, numa força-tarefa de combate ao vetor.
O Índice por Tipo de Recipiente (ITR) indica o percentual de cada tipo de recipiente onde foram encontradas larvas de Aedes, em relação a todos os recipientes encontrados infestados durante o levantamento feito pelos agentes nos imóveis.
Esse é um importante indicador para melhorar o aproveitamento dos recursos humanos e dos recursos materiais, como o uso otimizado dos inseticidas e larvicidas.
Em novembro, permaneceu mais frequente (35%) a infestação dos depósitos móveis (vasos, frascos e pratinhos de plantas, bebedouros, recipientes de degelo das geladeiras etc.), resultado semelhante aos levantamentos realizados em janeiro, maio e agosto de 2023.
Lixo, sucata e entulho ocuparam a segunda colocação entre os recipientes mais infestados em novembro (22,7%), tendo apresentado um importante aumento na frequência de infestação, quando comparado com o levantamento realizado em agosto (10%) deste ano.
Os depósitos utilizados no armazenamento de água para consumo humano ao nível do solo (tonel, tambor, barril, filtro etc.) apareceram em terceiro lugar (18%) entre os mais infestados, seguidos dos depósitos fixos (tanques em obras, borracharia ou horta, calhas, lajes, sanitários, piscinas, ralos etc.), com 11,9%.
Pneus e outros materiais rodantes representaram 8% dos tipos de depósitos infestados e, em últimas colocações, apareceram os depósitos de água elevados (caixa d’água, tambor, depósitos de alvenaria etc.) e os depósitos naturais (bromélias, ocos de árvores e de rochas etc.) com 2,6% e 1,8%, respectivamente.
SES-MG / Divulgação
Atuação conjunta
Na prática, o serviço de Zoonoses deverá transpor as informações provenientes do ITR do seu município para o trabalho de campo, de modo a melhor direcionar os métodos de controle, os insumos necessários e a força de trabalho dos agentes de combate a endemias, de acordo com a situação da infestação em cada área do município.
“Por exemplo, se em um bairro predominou a infestação nos depósitos móveis localizados em moradias e quintais, então a equipe de ACE deverá reforçar o trabalho de educação em saúde junto à população, instruindo-a a dedicar alguns minutos, duas vezes por semana, para a verificação das condições desses recipientes”, explica Roseli Gomes de Andrade.
Segundo ela, essa frequência é importante para evitar que as larvas se tornem mosquitos adultos, uma vez que, na época do verão, o ciclo de vida do Aedes aegypti se torna mais rápido.
“Os bebedouros dos animais devem ser lavados com bucha pelo menos uma vez por semana. Essa ação removerá possíveis ovos do mosquito fixados nas bordas internas do recipiente, evitando que ele se torne um novo criadouro”, alerta.
“Também é importante verificar se as calhas e os ralos estão livres de folhas e outros detritos, uma vez que as chuvas são frequentes neste período sazonal das arboviroses. Os ovos do Aedes se mantêm viáveis por até mais de um ano. Portanto, ovos depositados no período sazonal do ano passado poderão originar larvas que darão continuidade ao ciclo do vetor, assim que os recipientes forem preenchidos por água com as chuvas recentes”, explica a colaboradora.
Os índices provenientes do LIRAa/LIA servem como subsídio para as ações de controle vetorial em cada município, desde que os resultados da sua análise sejam entendidos e aplicados na menor unidade territorial, ou seja, por extrato, por bairro e por município.
Ações contínuas
O Aedes aegypti circula o ano inteiro, logo, o monitoramento e o controle ocorrem de forma ininterrupta no estado de Minas Gerais.
As estratégias para o controle desse vetor são praticadas o ano todo, com sua intensificação no período sazonal das arboviroses, quando se dá o aumento do calor e das chuvas.
Dentre as ações de rotina para o controle das arboviroses, destacam-se a elaboração de boletins epidemiológicos e o painel atualizado para o monitoramento casos de arboviroses, de livre acesso neste link, além do planejamento de solicitação de inseticidas ao Ministério da Saúde, para o envio aos municípios.
As reuniões periódicas com as Unidades Regionais de Saúde também ocorrem, a fim de discutir, atualizar e orientar sobre a situação epidemiológica nos territórios e sobre as medidas de prevenção e controle das arboviroses.
Como combater o Aedes Aegypti
· Mantenha lixeiras sempre tampadas
· Quintal sem lixo e entulhos; garrafas e baldes de cabeça para baixo
· Reservatórios de água do ar-condicionado, geladeira e umidificador secos e vazios
· Os ralos devem estar limpos e protegidos por tela
· Não use pratinhos que acumulam água sob os vasos de planta
· Os bebedouros dos animais devem ser limpos com bucha ou escova semanalmente
· Mantenha as canaletas e calhas desobstruídas para não acumularem água com a chegada das chuvas
· Realize manutenção periódica de piscinas e caixas d’água
· Coloque plantas que acumulam água em local coberto
· Deixe lonas bem esticadas, evitando a formação de poças d’água
Mais informações sobre o mosquito Aedes aegypti e as doenças relacionadas a esse vetor estão disponíveis em www.saude.mg.gov.br/aedes.
Fonte: Agência Minas